A morte do comerciante de nacionalidade eritreia que resultou no roubo de 34 milhões de kwanzas por marginais já detidos, na cidade do Lubango, está a ser usado pelos comerciantes estrangeiros proprietários de armazéns de venda de bens alimentares a grosso e a retalho como pretexto de protestos contra a AGT – Administração Geral Tributária, a quem exigem garantias de segurança sob ameaça de interromperem o fornecimento de alimentos à população que depende essencialmente da importação nas províncias da Huíla, Moxico e Namibe.
Por Geraldo José Letras
De refugiados a empresários que detêm o monopólio da venda de alimentos a grosso e a retalho nos armazéns que proliferam em todo o território nacional, os cidadãos estrangeiros, em maioria das regiões da África Ocidental e Oriental, em Angola já se sentem no direito de espalhar ameaças de protesto contra as instituições do Estado encarregues da organização do exercício comercial e arrecadação de impostos, e até contra a população que sobrevive essencialmente da importação num país onde o fomento a produção nacional só se realiza e se colhem os resultados nos discursos do Presidente da República, João Lourenço, e no partido que o sustenta, MPLA.
Nas províncias da Huíla, Namibe e Moxico, a situação é mais gritante nas Administrações Municipais e nas representações da AGT contra as quais os comerciantes estrangeiros exigem garantias de segurança, melhoria das vias, dos passeios e do saneamento básico, além do fornecimento de energia eléctrica e água potável, sob pena de encerrarem os armazéns, o que a acontecer, resultaria numa crise alimentar sem precedentes para as populações locais e no desemprego de vários jovens e chefes de família.
Diante das exigências, chegou ao Folha 8 a confirmação de que muitas administrações municipais nas províncias do Moxico e Huíla, já se sentem sem moral para exigir o pagamento de impostos e cumprimentos das normas administrativas aplicáveis ao sector comercial. O que está a levar a baixas na arrecadação de receitas fiscais.
Além das exigências dirigidas às instituições do Estado, os comerciantes incorrem na especulação de preços dos produtos da cesta básica à revelia e de forma combinada.
A exploração sexual contra as mulheres angolanas que depois de grávidas e casadas com os comerciantes são convertidas para o Islão e levadas para os seus países, afigura-se igualmente como um alerta para os estudiosos de questões sociológicas que identificam neste quadro o desenhar de um Estado angolano nos próximos 50 anos de que os filhos destes, ganhando o direito de voto, venham alterar a matriz administrativa e política do país baseada em princípios ideológicos islâmicos.
“A mudança do quadro deve ser mudado com urgência”, defendem os nossos interlocutores que lamentam o descomprometimento do MPLA, há 48 anos no poder, com a construção de um Estado desenvolvido para os angolanos que “até para legalizar uma barbearia enfrentam burocracias que mais parecem estrangeiros que os reais estrangeiros junto das instituições afins do Estado”.
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